31 de mai. de 2010
“Estamos aqui para dançar”
Você sabe de onde veio o famoso Funk Carioca?No palco, apenas um homem com microfone e outro com uma aparelhagem que reproduz sons gravados. Por vezes também há dançarinas que representam o conteúdo sexual das letras, voltadas às mulheres. Soma-se a isso o fato de grande parte do público pertencer ao sexo feminino.
Seria essa a receita de um fracasso musical, não fosse por esses homens no palco serem de energia e carisma inquestionáveis e a aparelhagem composta de sintetizadores, samplers e toca-discos, apoiados por pesadas caixas de som.
Dessa forma, o Funk Carioca atingiu um alto patamar de popularidade, ao conquistar pessoas de diversas faixas de idade e renda. Seu ritmo contagiante está presente tanto nas favelas quanto em boates de elite.
Porém, antes de chegar a tal ponto, uma trajetória de mudanças e preconceitos foi construída.
James Brown - Fonte: Divulgação
Tudo começou nos anos 60, nos Estados Unidos. O Funk foi criado a partir da Soul Music e foi consagrado por James Brown, que introduziu a característica dançante no gênero.
Na década seguinte, surgiram derivações do Funk americano, como o Miami Bass e o Freestyle, as quais influenciaram diretamente o Funk carioca dos anos 80, principalmente na batida.
Aos poucos o Rio de Janeiro criou sua própria identidade funkeira, ao inserir o dia a dia da comunidade em suas letras, e assim conquistar o público. Por conta disso os bailes se proliferaram nas favelas.
Casa de show com Funk Carioca - Fonte: João Victor
Em meados dos anos 90, o gênero conquistou o país, muito por conta do programa Furacão 200 e por artistas como Claudinho e Buchecha, populares pela temática romântica de suas músicas. Temática esta que seria transformada em erótica no final da década e início dos anos 2000, década em que surgiram figuras como Mc Créu, Gaiola das Popozudas e Bonde do Tigrão.
Durante essa trajetória de ascensão, o Funk sofreu com o preconceito, devido ao seu caráter popular, simplicidade musical e, principalmente, pela conotação sexual de suas letras. Mas o que se pensa que é exclusividade do Brasil, que é essa sexualidade nas músicas, vem desde o início nos Estados Unidos, passando pelo Miami Bass e Freestyle.
Os amantes do Funk parecem não se importar com o conteúdo por vezes ofensivos às mulheres. Os homens são atraídos pelas belas mulheres e animação dos bailes, enquanto o público feminino comparece aos shows em peso para curtir a batida contagiante do pancadão. E quando perguntadas sobre essa atitude paradoxal, respondem categoricamente: “estamos aqui para dançar”.
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