3 de jun. de 2010

Reforma de instrumentos em Teresina é mais viável que fabricação

Saiba um pouco mais sobre o ato de reformar ou fabricar um instrumento musical.

Para começar, é preciso selecionar um tipo de madeira, deixá-la em um processo de secagem e usar um molde para o corte do corpo e do braço de um instrumento para lapidá-lo. Depois, deve ser feito o acabamento através da pintura com poliuretano (secagem rápida) ou nitrocelulose (mais demorada). De acordo com o desejo do cliente, faz-se a montagem, já com a parte elétrica. E por fim, é feita a regulagem do produto final através de afinação e demais detalhes.
Essa é uma descrição simples e rápida da arte de Luthieria: o processo de fabricação de um instrumento. Mas na prática, esse processo é bem mais complicado, pois exige bastante tempo e recursos. Em Teresina, os procedimentos para a realização desse trabalho ainda são bem arcaicos e por isso, há profissionais que trabalham apenas com conserto e reforma geral de um instrumento.
Trabalhando com manutenção de instrumentos há seis anos, Jorge Luiz, dono de uma loja de artigos musicais no centro de Teresina, afirma que fabricar instrumentos não é difícil, mas a dificuldade que os profissionais da área podem encontrar em Teresina é a falta de matéria-prima, que vai desde a madeira usada até as ferramentas de trabalho. Ele explica que a reforma ou o conserto de um instrumento é mais trabalhoso porque requer noção de fabricação, na qual é feita de acordo com a necessidade do usuário.

Apesar de não gostar de ser chamado de Luthier (profissional responsável pela idéia e fabricação de instrumentos), Jorge já trabalhou com confecção, mas decidiu não continuar nessa área porque, no seu ponto de vista, existe muita desconfiança por partes dos teresinenses em aceitar o que é fabricado aqui. “Como em todas as profissões, existem aqueles que gostam do seu trabalho e outros que já criticam, desvalorizam. Isso faz com que  a atividade se torne inviável”, diz.
Não só pela simples opção de profissão, mas também por visão de mercado, Jorge decidiu consertar instrumentos devido à pequena quantidade de profissionais na área.  Para isso, ele fez cursos para aprender a fabricar e consertar instrumentos, mas acredita que está na essência da pessoa a possibilidade de se inserir na indústria da música. “É preciso ter conhecimentos de mecânica, física, eletrônica, só que, além disso, é fundamental gostar do que se faz para se aperfeiçoar”, afirma.

Questionado pela grande procura de consertos, Jorge afirma que tudo depende do valor que a pessoa dá ao seu instrumento. “As pessoas que mais me procuram para fazer a reforma de instrumentos são músicos. Se essa reforma for para o uso propriamente dito é bom fazer a manutenção”, pondera. Geralmente uma reforma dura seis meses e pode custar mais caro do que um instrumento novo, devido à desmontagem e troca de peças. Nesse contexto, Jorge afirma que os músicos são bastante perfeccionistas, dão valor ao trabalho de manutenção e têm um valor estimativo pela sua ferramenta de renda e diversão. 

 Texto e fotos: Isabel Nunes


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